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Uma outra participação é possível - Por: Célia Maria Alexandria de Oliveira

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Na 9ª CONFERES – Bahia, através da Comissão de Cultura e Educação Popular, celebramos uma outra forma de participação, com diversidade e produção de novas sensibilidades e subjetividades políticas.

Em meio aos sonhos, cantorias, rimas e cordéis, as inquietudes, urgências e protestos emergiram naturalmente nas rodas dos (as) contadores e contadoras das conversas, exorcizando nossas dores e politizando as nossas falas.

As simbologias dos movimentos, da dança, da música se fizeram inspiração e... representantes de “saúde mental” ecoaram suas vozes junto ao ritmo e balanço dos “pops-ruas” de álcool e drogas; bando encantarias,o pessoal da “aids” se juntou ao das “hepatites virais”, e os idosos choraram gilsoncosta, que , do além, se fez alegria nas lágrimas de tiago e alexandria.

Em uníssono, demonstramos a força que nasce e urge de vontades coletivas e transforma a doçura das práticas integrativas, o abraço do cuidado, o acalanto do acolhimento em gestuais de um povo unido, que vai à luta, muda o mundo e transmuta o inominável em anúncio de um alvorecer de uma outra HISTÓRIA, grande “navegar sem cais”, que embala o grande canto dos iguais, irmanados e imbrincados  nas infinitas possibilidades do poético, da magia, do maravilhoso, da conjunção de outras cirandas, novenas e ladainhas, onde as pessoas “resistem existindo juntas” e construindo as novas formas de “um bem viver” em sociedade.

Foram três dias de Tenda Maria Felipa e Tendinhas com representação de movimentos de luta pelos indígenas, quilombolas, saúde mental, portadores de  anemia falciforme,  hanseníase,  albinismo,hepatites viraise os  privados de liberdade, populações de rua, de moradia urbana, idosos (as), artesãos (as) e muitos (as) que se anunciaram e atenderam ao chamamento de se juntarem ao momento/movimento solidário, aprendendo na vida a alegria e a dor do adoecer e do curar, com roques honoratos, dianas, terezinhas, graças, justinas, patrícias e flavinhas acompanhados(as) dos olhos inocentes de joão, engatinhando e guiando para um SUS que é único, público e equânime onde todos (as) se inserem, entreolham e gestam mutuamente numa cantiga só, acabando com a tragicidade das filas, dos hospitais e clínicas superlotados (as), com o vazio e a solidão dos intramuros dos CAPS, asilos e HTC psiquiátricos em ruínas com as maternidades semi-abandonadas, com as clínicas de urgências em desurgências, onde desassistidos (as) pobres imploram atendimento.

Foram três dias de um projeto pensado extraordinário, mas...com ausências e faltas. OCine-SUS, a Praça dos Encontros, os baners comemorativos dos vinte e cinco anos dos SUS, as salas e auditórios com nomes dos (as) militantes/lutadores(as) da saúde pública na Bahia não aconteceram. A pesquisa dos Vinte e Cinco Anos do SUS, feita com entusiasmo por estudantes do ISC e do Movimento Estudantil Levante, orientada pelos (as) professores (as) Carmem Teixeira e Jairnilson Paim não se concretizou, na Conferência. Todo o esforço da Dra. Mônica Nunes do ISC, dos integrantes da AMEA e do Mobiliza RAPS e Sindicatos parceiros não ocorreu, já que não encontraram a Praça de Encontros, onde as conversas, monólogos, diálogos, narrativas, declamações e escutas iriam acontecer. Os filmes, ah! Os belos, humanos e críticos filmes com seus comentaristas estudantis “levantianos” não foram mostrados ao público livre e pressuroso, que acorreu e adentrou o espaço político popular e cultural da Conferência. Refugiaram-se, então, na grande Tenda Maria Felipa e Tendinhas dos Movimentos Populares, que abrigaram a todos (as) contentes e descontentes.

Essa experiência da Comissão de Cultura e Educação Popular da 9ª CONFERES – Bahia pode e deve  ser levada para outros territórios do nosso Brasil. Sua concepção é de leveza e ludicidade combinada com os movimentos sociais e populares, nômades, em constante mutação, pois  impregnados de luta e esperança no devir, no pró-fazer e pró-decidir que já estamos a construir.

Na danças, nos sambas de rodas, no tamborilar dos pandeiros, nas cantigas, no flautear, nas pequenas violas, nas músicas dos orixás do gerônimo, no encantamento de zahia, no poema dos cordéis, na poeira dos sonhos e utopias, esta foi a Conferência manifesta do povo e dos (as) lutadores (as) da Bahia. Poderosa e inesquecível, ainda que acertando, errando e não concluindo, pois não se deve e nem se faz conclusa...por ser infinita, pensada no imaginário, na inocência e fantasia do pequeno, do miudinho, do doce e querido joão, filho de patrícia.

 

Por: Célia Maria Alexandria de Oliveira

Coordenadora da Comissão de Cultura e Educação Popular

 
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